Desci ao inferno. E lá, não há demônios perambulando por toda a parte, não há
fogo consumindo sua carne e nem um homem de pele vermelha, com chifres e tridente.
Lá existe apenas o silêncio, reina somente a escuridão. É o nada. O ódio domina tudo e a todos que me cercam na terra, mas o ódio não só domina mas também impera. Só existe você e ele, ele e você, nada mais.
Chega até ser frio, mas você não sente. Não há ar, somente um líquido que o sufoca, mas que não te deixa morrer.
Você se torna um grande um imenso e infinito poço de desespero. De ódio nada além de você e você existe lá. O silêncio é tão grande que chega a causar dor nos ouvidos. A sensação de angústia e de dor mental é tão grande que você chora com pena de você mesmo, não por um motivo fútil, mas com pena de você.
Apesar de odiar o inferno, quando você sair de lá, irá querer voltar.
Sobrará um pedaço dele em teu peito que dificilmente se apagará.
Agora, quando essas hienas que querem minha carne, que me chamam de amigo e me pedem conselho, vierem me exigir o que não possuem direito, as mandarei para o inferno. Não para o inferno cristão, mas sim para o inferno que visitei. Ai, elas me entenderão e se calarão diante de mim.
Esse monstro que me persegue, essa sociedade que exige de mim coisas que não deveriam, que me cobram coisas tão simples que faria por prazer, que julga o desconhecido ao invés de conhece-lo para não julga-lo, que se esconde atrás de mascarás que se diz amiga, mas que são verdadeiras hienas, que constantemente me mandam para o inferno, à essa sociedade, com clareza e convicção e digo : VÁ PARA O INFERNO!